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domingo, 19 de setembro de 2010

TEXTO 2 - SISTEMAS PSICOLOGICOS III - Prof Marisa


A Natureza da Psicologia

n Como nascemos? De onde viemos?

n Porque somos desse jeito e não de outro?

n O que, ao longo do nosso processo de desenvolvimento, fez com que

n sejamos como somos?

n Porque vivemos conflitos?

n O que é preciso fazer para ser mais feliz?

n Como nos relacionamos com a natureza, com a idéia de vida e de morte?

 Escopo da Psicologia

Essas questões povoam o imaginário do ser humano desde tempos remotos.

A preocupação com essas questões remonta a própria origem da

humanidade.

E a Psicologia surge como uma ciência que tenta respondê-las.

A Psicologia, como toda produção humana, remete as necessidades de uma determinada cultura, de uma sociedade.

Portanto para compreendê-la precisamos compreender os diversos períodos da história da humanidade.

 Origens Históricas da Psicologia

         A Psicologia entre os gregos

A participação dos filósofos gregos para a compreensão das grandes questões humanas foi imensa e podemos dizer que “(...)nenhum outro povo da Antiguidade influenciou tão decisivamente nossa civilização ocidental como os gregos.”(CHASSOT,2004,p.33).

A Grécia perde sua independência política em decorrência de lutas e conflitos sucessivos com outros povos, especialmente, os macedônios e, finalmente, com a intervenção romana, que fez da Grécia sua província.

Mas, ainda assim, a Grécia continua sendo um grande centro de ciência e cultura.

 O Império Romano exerceu grande influência na história da civilização ocidental, sendo uma de suas principais características o fortalecimento do cristianismo.

Com a hegemonia do ideário Cristão no cenário histórico-social e cultural, os avanços dados em direção ao entendimento do ser humano passaram a estar submetidos aos dogmas religiosos e, então, se estabeleceu um abismo entre a cultura grega, considerada profana, pagã e a doutrina cristã.

Tendo em vista que a ciência estava subordinada à fé, portanto, todo saber estava aprisionado nos grandes templos religiosos.

E não era diferente para a Psicologia. Seus estudos refletem a dependência e subordinação religiosa.

 O período histórico que se inicia em fins da Idade Média, conhecido como período da Revolução Científica (séc. XV – XVI), associado ao Renascimento, é marcado por uma série de mudanças no cenário sócio-histórico da Europa, sobretudo em oposição aos abusos, ao monopólio científico e a ignorância monástica em prol do ressurgimento do humanismo,no entanto sem perder o cunho religioso.

 Ocorreram mudanças significativas na maneira de encarar o mundo e o ser humano.

Enquanto na Idade Média o homem devia se submeter a vontade de Deus, às orientações do clero e ao domínio político da nobreza, os humanistas procuravam valorizar o ser humano em sua individualidade, força e criatividade.

 Reforma Protestante

 Heliocentrismo (Galileu Galilei)

 Contra-reforma e Inquisição

 Os primórdios da Psicologia Científica

                     “Penso, logo existo”.

Ao pronunciar tal assertiva, o filósofo francês René Descartes (1596-1650), considerado um marco histórico na Psicologia pré-científica, postula o dualismo mente – corpo, sendo mente a instância humana responsável pelo pensamento, que não possui materialidade, ao passo que o corpo era a substância material, sujeito às ações físicas, mecânicas e, portanto, o corpo sem a mente é apenas matéria.

Com a revolução industrial, impregnada do ideário Iluminista, no começo do século XVII, ocorreram investigações e descobertas que deram origem à ciência moderna e fizeram nascer o mundo contemporâneo.

A valorização da razão, da observação, da experimentação e a utilização do raciocínio matémático caracterizaram esse período.

 O crescimento de uma nova ordem econômica, o capitalismo, surgem novas formas de relações humanas e de se viver o tempo, sobretudo em decorrência da industrialização.

A ciência passa a ocupar-se de produzir conhecimento capaz de responder as

demandas sociais da época e nesse caso, do capitalismo.

E assim, o trabalho, a produção e a técnica assumem papel central na formação humana.

 Com as novas exigências do mundo moderno, a Psicologia precisava, para ter o status de ciência, de um objeto de estudo definido e concreto, um corpo teórico que a sustente e procedimentos experimentais definidos, com controle das variáveis.

 Nesse momento de grande efervescência científica, Augusto Comte sistematiza uma teoria, segundo a qual só tem validade as verdades baseadas na experiência e na observação.

Trata-se do Positivismo e que vai servir de base para toda a ciência moderna.

 Considera-se que a Psicologia científica começou em 1879, quando Wilhelm Wundt montou o primeiro laboratório de Psicologia na Universidade de Leipzig na Alemanha.

Desenvolveu a idéia de que a mente e o comportamento poderiam ser objeto de análise científica como os planetas, substâncias químicas ou os órgãos humanos.

Preocupava-se primordialmente com os sentidos, em especial com a visão mas estudou também a atenção, a emoção e a memória.

 Segundo Bock (2002, p.26):

Esse marco histórico significou o desligamento das idéias psicológicas de idéias abstratas e espirituais, que defendiam a idéia de uma alma nos homens, a qual seria a sede de uma vida psíquica.

 A Psicologia, portanto, do final do século XIX e início do século XX, se caracteriza por ter incorporado os princípios, legitimados pela sociedade da época, sobre o que significava fazer ciência.

Assim, desvincula-se da filosofia e, sobretudo, define seu objeto: o COMPORTAMENTO, que delimita seu campo de abrangência e estabelece critérios metodológicos de estudo.

 Psicologia Científica

Portanto, a Psicologia não mais divagava pelo mundo da idéias, como propunha a filosofia, mas, sim, observava o comportamento humano e controlava suas variáveis em laboratórios.

Com base nesses critérios começa a se delinear, basicamente, três escolas em Psicologia:

 Funcionalismo: define como objeto de estudo a consciência como elemento fundamental para a adaptação do homem ao meio. Portanto, investiga “o que os homens fazem

e por que o fazem”.

Estruturalismo: objeto de estudo também é a consciência, mas sob seus aspectos estruturais, ou seja, “os estados elementares da consciência como estruturas do sistema nervoso central”. (Bock,2002.p. 42)

Associacionismo: concebiam o processo de aprendizagem como uma relação de associação de idéias. Teve seu início com Thorndike (1874-1949), que formulou a primeira teoria da aprendizagem na Psicologia. Formulou a “Lei do Efeito”, ou seja, todo organismo vivo tende a repetir um determinado comportamento quando recompensado ou inibí-lo se for castigado. Neste caso, a recompensa e o castigo configuram-se como efeitos do comportamento.

        Foram consideradas escolas de psicologia rivais, ainda consideravam a psicologia como a ciência da experiência consciente e foram suplantadas em 1920 por três escolas mais novas.

O Behaviorismo: O americano John B. Watson postulou o comportamento como o objeto da Psicologia – objeto observável, mensurável, cujos experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes condições e sujeitos.

O Behaviorismo dedica-se ao estudo das interações entre o indivíduo e o ambiente, entre as ações do indivíduo (suas respostas) e o ambiente (as estimulações). 

A Gestalt (Psicologia da forma): termo alemão de difícil tradução. O termo mais próximo em português seria forma ou configuração. Os gestaltistas estavam interessados na percepção e acreditavam que as experiências perceptivas dependiam dos padrões formados pelos estímulos e da organização da experiência. Assim, o todo é diferente da soma das partes, uma vez que o todo depende dos relacionamentos entre as partes.

Psicologia Científica

Os psicólogos da gestalt estavam interessados na percepção do movimento, em como as pessoas avaliam o tamanho e na aparência das cores com diferente iluminação. Estes interesses os levaram a diversas interpretações centradas na percepção da aprendizagem, da memória e da resolução de problemas.

Psicanálise: é tanto uma teoria da personalidade quanto um método de psicoterapia criada por Sigmund Freud na virada do século XX. No centro da teoria freudiana está o conceito de inconsciente - isto é, pensamentos, atitudes, impulsos, desejos, motivações e emoções das quais não temos consciência.

 Perspectivas Contemporâneas da Psicologia

Perspectiva Biológica: procura relacionar o comportamento explícito a eventos elétricos e químicos que ocorrem dentro do corpo; ou seja, procura identificar os processos neurobiológicos que subjazem o comportamento e os processos mentais.

Ex.: abordagem biológica da depressão (mudanças anormais nos níveis de neurotransmissores).

 Perspectiva Comportamental: concentra-se nos estímulos e respostas observáveis.

Uma análise E-R de sua vida social pode concentrar-se nas pessoas com as quais você interage (este seriam os estímulos sociais), os tipos de respostas que você lhes dá (recompensa, castigo ou indiferença), os tipos de respostas que elas por sua vez dão a você (recompensa, castigo ou indiferença), e como as recompensas sustentam ou perturbam a interação.

 Perspectiva Cognitiva: preocupa-se com processos mentais como percepção, recordação, raciocínio, decisão e solução de problemas. O cognitivismo moderno presume (1) somente pelo estudo dos processos mentais podemos compreender plenamente o que os organismos fazem, e (2) que podemos estudar os processos mentais de maneira objetiva focalizando comportamentos específicos mas interpretando-os em termos de processos mentais subjacentes. Utilizam analogias entre a mente e um computador.

 Perspectiva Psicanalítica: o pressuposto básico da teoria freudiana é o de que grande parte de nosso comportamento provém de processos inconscientes, ou seja, crenças, medos e desejos dos quais uma pessoa não têm consciência, mas que mesmo assim influenciam seu comportamento.

 Perspectiva Fenomenológica: Rejeita-se os pressupostos sobre a natureza humana das abordagens psicanalítica e comportamental. Enfatiza-se as qualidades humanas especiais que distinguem as pessoas saudáveis tanto de pacientes perturbados quanto de animais.

De acordo com as teorias humanistas, a principal força motivacional de um indivíduo é uma tendência para o crescimento e auto-realização. Todos nós temos uma necessidade básica de desenvolvermos nosso potencial ao máximo, de progredir para além de onde nos encontramos no momento. 

 Psicologia, componente das ciências humanas:

“(...) reivindicando o status de serem científicas, aderiram ao universo do pensamento axiomático, calcado na lógica matemática, substituindo progressivamente o mundo da realidade humana, chegando mesmo a abolir a própria distinção entre pessoas e coisas”.

 Qual o preço pago pela sua cientificidade? De que teve de abrir mão para merecer esse status?

O dilema vivido atualmente pelas ciências humanas, ou seja, quanto mais busca a neutralidade científica e objetividade mais se distancia de sua humanidade, traz uma nova concepção de ciência humana.

 A Psicologia está atrelada à lógica da produção e seus mecanismos de manutenção e a própria ciência serve a esse propósito.

 Para Nietzsche:

Um tipo de filósofo encontra-se entre os pré-socráticos, no quais existe unidade entre o pensamento e a vida, esta “estimulando” o pensamento, e o pensamento “afirmando” a vida. Mas o desenvolvimento posterior da filosofia teria trazido consigo a progressiva degeneração dessa característica, e, em lugar de uma vida ativa e de um pensamento afirmativo, a filosofia ter-se-ia proposto como tarefa “julgar a vida”, opondo a ela valores pretensamente superiores, medindo-a por eles, impondo-lhe limites, condenando-a. 

Em lugar do filósofo-legislador, isto é, crítico de todos os valores estabelecidos e criador de novos, surgiu o filósofo metafísico. Essa degeneração apareceu claramente com Sócrates, quando se estabeleceu a distinção entre dois mundos, pela oposição entre essencial e aparente, verdadeiro e falso, inteligível e sensível.

Para Nietzsche:

Sócrates “inventou” a metafísica, fazendo da vida aquilo que deve ser julgado, medido, limitado, em nome de valores “superiores” como o Divino, o Verdadeiro, o Belo, o Bem. Com Sócrates, teria surgido um tipo de filósofo voluntário e sutilmente “submisso”, inaugurando a época da razão e do homem teórico, que se opôs ao sentido místico de toda a tradição da época da tragédia.

 Desenvolvimento da Personalidade

Personalidade

Padrões distintivos e característicos de pensamento, emoção e comportamento que definem o estilo pessoal de interação da pessoa com os ambientes físico e social.

A psicologia da personalidade se ocupa em descrever as diferenças individuais e, principalmente, os processos dinâmicos de funcionamento da personalidade.

Para se desenvolver teorias da personalidade é necessário a utilização de várias abordagens visando sintetizar os muitos processos que influenciam as interações de indivíduo com os ambientes físico e social – biologia, desenvolvimento, aprendizagem, pensamento, emoção, motivação e interação social – em uma abordagem integrada da pessoa total.

 As 04 abordagens teóricas que dominaram a psicologia da personalidade no século XX:

 Psicanalítica;

 Behaviorista;

Humanista;

 Cognitiva.

 Em que medida nossas crenças, emoções e ações são livres e em que aspectos elas são determinadas por causas fora de nosso controle? Somos basicamente bons, neutros ou maus? Fixos ou modificáveis? Ativos ou passivos no controle de nossos destinos?

O que constitui saúde psicológica ou falta de saúde?

 Blibliografia:

BOCK, Ana M.B.  et.all. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Editora Saraiva, 2001.

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